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A decisão social no restaurante por Paulo Amado

A decisão social no restaurante por Paulo Amado

Pousam sobre as peças da Costa Verde obras enormes dos chefes. Eles são arautos de uma nova estética e abrem portas a novas sensações daqueles que à mesa do restaurante se deliciam.

O restaurante é este local e é também o lugar de ainda mais e vasta celebração, negócio, promessas e esperanças, inícios ou finais. Sendo este espaço aberto para toda a ação humana, pode o restaurante ser também uma bandeira para novos momentos e expressão de movimentos da sociedade? Sim, pode. Todas as empresas podem.

Qualquer decisão que se tome, em sociedade, interfere, convoca. Se consciente, pode ser efetiva, gerar mudança, cativar o público interno, rumo ao público externo, espelhar a realidade desejada.

O restaurante é aquela porta aberta que passou do lugar especial para a celebração, ao local que continua a ser especial e onde se podem fazer as mais diversas celebrações, mas é também o local para a refeição do dia a dia. Se a marmita está/esteve na moda, o consumo fora de casa cresceu de sobremaneira e está a níveis nunca vistos. A quantidade de restaurantes está claramente sustentada no turismo, mas há uma outra onda fora dos grandes centros, onde a busca por novos modelos de vida fez com que abrissem novos restaurantes.

O restaurante é um palco para toda a expressão humana, onde há mais intervenientes além dos arquitetos, quando estes existiram pensando aquele espaço para aquela função. A decoração pode ser ativismo e não decoração, a escolha da equipa pode ter sido alvo de uma procura de equilíbrio de género e diversidade de origens, se bem que nos dias de hoje há grande dificuldade em manter e atrair pessoas para este sector. Com muitos motivos a concorrer para este tema, diria que o lugar que mantém e atrai é conduzido em respeito pela saúde mental que isto da restauração é mesmo mão de obra intensiva, e à remuneração condicente. Só quer trabalhar em restauração quem se sinta bem acolhido, não será assim em todas as profissões? No restaurante há a expressão do artista plástico ao músico. Tudo ferramenta de ação, se consciente, repito.

E da cozinha para o balcão ou mesa, que faz o cozinheiro quando tem o tema em mente? Conhece o seu entorno e procura as boas escolhas das proximidades, as estrelas da estação do ano. Evita os produtos industrialmente processados se escolhe o artesanato culinário. Tem mente aberta para a construção do menu que atende cada vez mais às micro estações que os fornecedores oferecem num grossista ou à sua porta.

Parecendo pouco, muitas são as decisões prévias à nossa mão estendida perante os comeres que nos surgem na mesa. Aqui ficaram apenas algumas.

Nascido em Olhão, frequentou o curso de direito, editou dois livros, foi jornalista, director de revista e é estudante de trompete. Fundou as Edições do Gosto e a Manja Marvila, espaço multicultural para gerar mudança social através da gastronomia. Preside ao Congresso dos Cozinheiros, Concurso Chefe Cozinheiro do Ano e Jovem Talento da Gastronomia.

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