Há seis anos, quando pensei em publicar o primeiro livro Chefs Sem Reservas, a partir das entrevistas que tinha publicado no jornal Expresso com alguns dos melhores cozinheiros de Portugal e do mundo, estava muito longe de imaginar que estaria agora a lançar o terceiro volume desta coleção. Na verdade, esta é a história de um livro — e de uma coleção — que não deveriam existir. Desde logo, a ideia não foi recebida inicialmente com grande entusiasmo: uma amiga que se preparava para me agenciar aconselhou-me a pegar noutro projeto; um editor garantiu-me que “os livros de entrevistas não vendem”; e outra editora admitiu que o livro “ficava muito bem” no seu portefólio, mas não ia “vender muito”. Podia ter desistido, mas sempre senti que os obstáculos no caminho eram um ótimo combustível para a minha vontade de triunfar. Quanto maior o desafio, maior a recompensa.
Um dos maiores desafios deste projeto é que ficou cedo claro que ele não seria barato: quis que, a par das histórias extraordinárias, o livro tivesse uma identidade visual forte, tanto ao nível da fotografia e do design, como do próprio papel usado na impressão, o que, naturalmente, elevou os custos de produção, bem acima do que é a realidade editorial nacional. Acreditei que valeria a pena fazer esse investimento para que o livro impactasse o leitor ainda antes de o começar a ler e é com indesmentível orgulho que sinto que cumprimos essa visão.
No momento em que chega às livrarias o terceiro volume desta coleção, é justo reconhecer que só foi possível chegar aqui porque houve um conjunto de parceiros — ao qual se juntou a Costa Verde neste “Terceiro Prato” — e uma editora (o Clube do Autor) que acreditaram neste projeto e muitos leitores que o acarinharam desde o primeiro volume. São eles a verdadeira medida do sucesso desta coleção e foi muito especial ver tanta gente — mais de 150 pessoas — no passado dia 17, no Sauvage CCB, em Lisboa, a brindar a este novo volume.
Em Chefs Sem Reservas: Terceiro Prato, os leitores vão encontrar um menu de conversação com 15 extraordinários cozinheiros, oito portugueses e sete internacionais, incluindo alguns dos nomes maiores da alta-cozinha, como Ferran Adriá, Dabiz Muñoz, Virgilio Martínez, Mauro Colagreco, Rasmus Munk e Ana Ros. Apresentam-se de peito aberto, sem reservas, dando a conhecer os seus percursos de vida. Gosto de acreditar que esses testemunhos inspiradores podem interessar não só a quem se interessa pela gastronomia, mas também a todos aqueles que desejam ter sucesso em qualquer área das suas vidas.
Boas leituras!
Nelson Marques (n. 1979) foi jornalista durante mais de duas décadas, tendo passado pelas redações do Expresso, onde foi coordenador da Revista, e do Público. Colaborou com a SIC, a RTP e inúmeros meios nacionais, e escreveu em várias publicações internacionais, como The Guardian (Inglaterra), El Mundo (Espanha), The Jerusalem Post (Israel) e Época (Brasil).
Publicou centenas de reportagens, revelou um escândalo de assédio sexual envolvendo o ex-presidente da FIFA, Sepp Blatter, cobriu as eleições que levaram Bolsonaro ao poder no Brasil e entrevistou algumas das mais importantes personalidades do planeta, de Al Gore a Anthony Bourdain, passando por Philippe Starck, Renzo Piano, Christian Louboutin, David LaChapelle, Katy Perry, Ronaldinho Gaúcho e muitos outros, entre vencedores de prémios Nobel, Óscares, Emmys, Grammys e Pulitzers.
O seu trabalho foi distinguido pelo Clube Português de Imprensa, Liga Portuguesa Contra o Cancro, European Best Cancer Reporter Award, Associação Nacional dos Municípios Portugueses e Gourmand Awards.
É autor dos livros Filhos da Quimio (2018), Chefs Sem Reservas (2019), Os Homens Também Choram (2021), Chefs Sem Reservas: Segundo Prato (2022), O Sucesso Está Nos Detalhes (2023) e Chefs Sem Reservas: Terceiro Prato. Escreveu ainda Futuro, um dos volumes da obra que assinala os 150 anos da Corticeira Amorim.
Acredita, talvez ingenuamente, que são os livros que vão salvar o mundo dos bárbaros.